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Sensores sem bateria, a transição sustentável para a fábrica do futuro

Sensores

Quando se fala em internet das coisas (IoT) no meio industrial, o primeiro dispositivo que vem à mente são os sensores, responsável por captar dados das máquinas e alimentar sistemas conectados, os quais são a base também do conceito de indústria 4.0.

Porém, os sensores também têm limitações relacionadas principalmente à vida útil finita de suas baterias, um problema que a start-up norte-americana Everactive se propôs a resolver. A empresa, que teve origem em uma incubadora do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), desenvolveu sensores industriais que funcionam 24 horas por dia, exigem manutenção mínima e podem durar mais de 20 anos.

O segredo é o uso de circuitos integrados de ultra-baixa energia, também desenvolvidos pela empresa, que coletam energia de fontes híbridas, tais como luz interna e vibrações, para manter os sensores em funcionamento coletando dados e alimentando os dispositivos de IoT. “Tudo é habilitado pelos chips de ultra-baixo consumo de energia que suportam monitoramento contínuo”, informou o co-diretor de tecnologia da Everactive, David Wentzloff.

A Everactive constrói seus produtos com base nesses chips que os clientes podem implementar rapidamente em grande número. Um estudo de caso disponível no site da empresa mostra o monitoramento de sistemas de vapor presentes em diversos tipos de indústria. A empresa desenvolveu também sensores para monitorar máquinas rotativas.

Trabalho de longo prazo

A Everactive tem trabalhado no projeto de circuitos de baixa potência há mais de uma década. Seus fundadores são egressos do laboratório de Engenharia Elétrica e Ciência da Computação do MIT, que inicialmente tentaram vender seus chips para empresas.

Mas rapidamente eles perceberam que a indústria não estava familiarizada o suficiente com os chips sem bateria. Assim, a mesma começou a construir suas próprias soluções e hoje oferece os sensores como parte de um serviço mais amplo que incorpora redes sem fio e análise de dados.

Os sensores da empresa podem ser alimentados por pequenas vibrações, luz com intensidade de até 100 lux e outras variações de condições locais como temperatura, aceleração e pressão que são convertidas em energia.

A empresa informou que seus sensores curtam significativamente menos para operar do que os sensores tradicionais e evitam os cuidados de manutenção decorrentes da implantação de milhares de dispositivos alimentados por bateria. Considerando, por exemplo, a instalação de 10 mil sensores tradicionais em uma planta fabril e presumindo uma vida útil de bateria de três anos, seria necessário substituir uma média de 3,333 baterias a cada ano, o que representava mais de nova por dia.

No entanto, ao economizar nos custos de manutenção e substituição, os clientes podem implantar mais sensores, o que oferece mais visibilidade para as operações. O próximo passo será o desenvolvimento de sensores translúcidos, flexíveis e do tamanho de um selo postal, o que promete revolucionar a captura de dados no chão de fábrica.

A era dos sensores

Pesquisas feitas por volta de 2015 estimam que a base total instalada de dispositivos conectados à internet poderia atingir 75,44 bilhões em todo o mundo até 2025, um aumento de cinco vezes em dez anos, A chegada da IoT ao ambiente industrial pode aumentar ainda mais esses números, promovendo o que já se chama de economia baseada em sensores, que cumprirá à risca a promessa da Internet de tornar o mundo um lugar conectado.

A Allied Market Research publicou um estudo em 2019 intitulado “Mercado de Sensores por Tipo” (Sensor Market by Type), segundo o qual o mercado global de sensores movimentou US$138,96 bilhões em 2017, devendo chegar a US$287,00 bilhões em 2025, crescendo a um ritmo de 9,5% ao ano entre 2018 a 2025.

O estudo obviamente não levava em conta o surgimento da pandemia que impulsionou ainda mais o mercado de recursos remotos e de conectividade. Muito provavelmente estes números seriam ainda mais expressivos levando-se em conta o novo contexto econômico desenhado pela Covid-19.

Revista Plástico Industrial N°265