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Reciclagem de plásticos caminha para o seu melhor momento

Reciclagem

Você já conhece reciclagem, mas sabe quais são todas formas de se reaproveitar todo o material plástico?

Questões ambientais associadas ao descarte incorreto tornaram os materiais plásticos alvo de grande pressão da opinião pública, o que tem impulsionado sua reciclagem, em resposta às expectativas da sociedade. O setor se estruturou e é hoje uma atividade econômica muito representativa, com forte demanda por tecnologia, produtos e serviços especializados.

Recuperar materiais, dando a eles uma nova função, tornou-se um dos pilares da economia circular, considerada a solução para muitos dos problemas ambientais enfrentados atualmente. No caso dos materiais plásticos observam-se três grandes linhas de trabalho neste sentido: a reciclagem energética, a mecânica e a química, que têm passado recentemente por grandes avanços.

A forma mais prosaica de dar destinação aos materiais plásticos ao final de sua vida útil talvez seja a chamada reciclagem energética, que consiste na queima desses materiais em altos-fornos de siderúrgicas, exemplo, com a única finalidade de gerar energia térmica. No entanto, ela é a menos nobre das alternativas, pois não permite a valorização dos resíduos de produtos complexos, que consomem muitos recursos até chegarem ao final de sua vida útil.

A valorização dos resíduos é possível por meio da reciclagem mecânica, que consiste na coleta, descontaminação, fragmentação e reprocessamento do material para que ele seja novamente moldado, dando origem a novos produtos.

É certo que ocorrem perdas nesse processo, mas ele tem evoluído bastante para que torne mais produtivo e, sobretudo, para que a qualidade do material reciclado seja melhorada, a ponto de competir com materiais virgens em determinadas aplicações.

Porém, de algum tempo pra cá, mais intensamente desde a edição de 2010 da feira alemã K, o setor de plásticos despertou para uma nova possibilidade de reciclagem de grande quantidades de material, em escalas muito maiores e com possibilidade de reintroduzi-lo no princípio da cadeia produtiva. A essa nova tendência tem-se dado o nome de “reciclagem química”.

Trata-se de um termo amplo usado para descrever uma gama de tecnologias emergentes da indústria de gerenciamento de resíduos que permitem a reciclagem de plásticos, cujo reaproveitamento mecânico é difícil ou não é economicamente viável, seja devido à dificuldade de separação e descontaminação ou à baixa rentabilidade do seu reprocessamento.

Ao transformar os resíduos de plásticos em produtos químicos básicos e matérias-primas químicas, os processos de reciclagem química têm o potencial de aumentar drasticamente as taxas de recuperação dos materiais, além de evitar a deposição de resíduos em aterros.

Os caminhos da reciclagem química

A Associação Europeia de Reciclagem Química (Association Chemical Recycling Europe, CRE), criada em 2019, definiu a reciclagem química como qualquer tenologia de reprocessamento que atue diretamente sobre a formulação do resíduo polimérico, convertendo-o em subtências ou produtos químicos, seja para seus fins originais ou outros, com exceção da reciclagem energética. De acordo com esta definição, a reciclagem química compreende três mecanismos:

  • O Polímero de base é limpo e isolado sem alteração da sua estrutura molecular.
  • Os plásticos são despolimerizados em seus componentes monoméricos, que por sua vez podem ser repolimerizados
  • Os plásticos são convertidos em blocos químicos de construção, podendo, portanto, serem usados para fabricar novos polímeros.

Com base nesses mecanismos, as principais tecnologias de reciclagem química são as baseadas em solventes, incluindo dissolução e solvólise, além da pirólise, que converte o plástico novamente em óleo. No entanto, o Ministério do Meio Ambiente alemão não considera a pirólise um processo de reciclagem, tendo em vista que o plástico não é preservado, mas dividido em seus componentes químicos e reprocessado. A instituição criou uma cartilha com dez questões fundamentais a respeito da reciclagem química, disponível no link https://bit.ly/3pFosrc.

Um recente estudo intitulado “Reciclagem Química – Status, Tendências e Desafios” foi elaborado pelo Nova Institute, instituição europeia de pesquisa e consultoria que tem como foco a transição da indústria química e de materiais para a economia de carbono renovável. Ele traz informações sobre o processo, com base no levantamento de dados relacionados a 70 empresas e institutos de pesquisa que desenvolveram e oferece tecnologias para reciclagem química.

De acordo com o estudo, um total de 30 milhões de toneladas de resíduos são gerados na Europa anualmente, sendo que um milhão de toneladas se perdem no caminho do reaproveitamento, representando por isso um potencial poluidor importante.

A maior parte do lixo plástico coletado é incinerado (43%) ou depositado em aterro (25%), e apenas 32% dos plásticos pós-consumo são reciclados, o que surge como importante alternativa para reverter esses números.

No Brasil dispomos por enquanto de dados relacionados à reciclagem mecânica. De acordo com estudo encomendado pelo Plano de Incentivo à Cadeia do Plástico (PICPlast), parceira da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abisplast) e da Braskem, realizado pela consultoria MaxiQuim, as 716 empresas em operação na ocasião do levantamento, trabalhavam basicamente com reciclagem mecânica. Os dados copilados são do ano de 2018, e revelaram a geração de 3,4 milhões de toneladas de resíduo plástico pós-consumo naquele ano, sendo que 991 mil toneladas foram destinadas à coleta seletiva.

Desse volume, 234mil toneladas ainda se perderam no processo de reciclagem e acabaram tendo como destino os aterros. Dessa forma, o volume total de resíduos plásticos pós-consumo reciclados mecanicamente em 2018 foi de 757 mil toneladas, ou seja, 22%, um índice inferior ao europeu, mas que nos coloca em posição de destaque, se levadas em conta as diferentes condições logísticas e de infraestrutura. A evolução desse setor faz com que ele consuma cada vez mais tecnologia e equipamentos, e aditivos para tornar suas operações mais rentáveis.

Revista Plástico Industrial Ano 23 N° 266