Negócios do setor eletroeletrônico melhoram em março, mais de 80% das empresas projetam crescimento em comparação a 2020.
Sondagem de conjuntura da indústria eletroeletrônico realizada pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) apontou que, no mês de março, aumentou de 66% para 70% o número de entrevistas que citaram crescimento nas vendas/encomendas em comparação com o mesmo mês de 2020. Na comparação com o mês anterior (fevereiro/2021), foi observada elevação de 48% para 58% nas indicações de aumento das vendas/encomendas e queda de 22% para 15% no total de empresas que relataram retração.
Nesta sondagem observou-se redução de número de empresas de eletroeletrônico que estão com estoques abaixo do normal, que passou de 31% para 23% o caso de componentes e matérias-primas e de 30% para 25% nos produtos acabados, movimenta inverso ao verificado no mês anterior.
“Os números são positivos diante de um contexto de pandemia. Porém, as empresas ainda enfrentam uma série de dificuldades, como escassez de insuos e pressão de custos devido à desvalorização cambial, que comprometem o desempenho da atividade da Abinee, Humberto Barbato.
Insumos – A pesquisa identificou também redução de 73% para 66% no total de empresas que relataram dificuldades na aquisição de componentes e matérias-primas em função da falta destes itens no mercado. “Apesar da queda, esse percentual permaneceu elevado”, afirma Barbato. Ele acrescenta que esses entraves vêm sendo mencionados pelas empresas desde meados do ano passado.
Entre os insumos mais citados destacaram-se: o papelão, com 56% de indicações; materiais plásticos (46%); componentes eletrônicos provenientes da Ásia (44%). cobre (35%), aço carbono (29%), alumínio (25%), latão (23%), aço silício (15%), entre outros.
Além desses itens também foram citados os componentes eletrônicos provenientes de outras origens, relatados por 29% das pesquisadas.
Custos – Segundo o levantamento realizado pela Abinee, subiu de 85% para 87% o número de empresas que perceberam pressões acima do normal nos custos de componentes e matérias-primas. Este resultado vem se mantendo bem superior ao verificado em janeiro do ano passado, que estava em 30%. Conforme as entrevistadas, entre os principais fatores que estão gerando a elevação nos custos de componentes e matérias-primas destacou-se a escassez desses itens no mercado (84%) que superou as indicações da desvalorização cambial, citado por 82% das entrevistadas. O incremento nos preços dos fretes marítimo e aéreo foi relatado por 74% das empresas.
Essa sondagem também mostrou as dificuldades que as empresas de eletroeletrônico estão enfrentando devido à falta de componentes eletrônicos no mercado, tais como o atraso na produção e na entrega, citado por 42% das entrevistadas, e até mesmo paralisação parcial da produção, relatado por 5% das pesquisadas. Neste último caso, destaca-se a redução de 10% para 5% no total dessas indicações.
Ainda no que se refere a essa questão, 26% não alteraram a produção e entrega, 11% não utilizam componentes eletrônicos e 16% não estão sentindo falta desses itens no mercado.
Nessa sondagem, as empresas que estão sentindo falta de componentes eletrônicos no mercado relataram as principais alternativas que estão sendo utilizadas para contornar essa situação para manter a produção, tais como:
- Busca de fornecedores alternativos no mercado nacional e internacional, mesmo com maior custo;
- Compras emergenciais em distribuidores independentes;
- Antecipação de pedidos para fornecedores;
- Renegociação da entrega com os clientes;
- Revisão de possibilidade de alteração de componente eletrônico utilizado;
- Elevação de estoques;
- Tentativa de desenvolvimento de fornecedores alternativos;
- Viabilização de produção própria;
- Utilização de fretes aéreos;
- Aquisição de itens importados por terceiros; entre outros.
“Mesmo com essas medidas, as empresas comentaram sobre a dificuldade de encontrar alternativas devido ao alto grau de dependência nas importações de componentes eletrônicos”, afirma o presidente da Abinee.
Desvalorização cambial – A Sondagem Abinee também identificou que 71% das empresas reajustaram seus preços devido à desvalorização cambial. A taxa de câmbio média anual passou de R$3,9461 em 2019 para R$5,1578 em 2020. Neste ano, a cotação do dólar continua aumentando, atingindo R$5,6461 em março de 2021 (média mensal).
As demais empresas não praticaram reajustes ainda, porém 13% pretendem aumentar seus preços nos próximos três meses e 6% reajustarão a partir do 2% semestre deste ano. Por outro lado, 6% das entrevistadas não fizeram reajuste de preços e estão sem previsão para isso.
O presidente da Abinee observa que muitas empresas informaram que reajustaram abaixo do necessário e somente em alguns produtos para não perder competitividade. “Conforme as entrevistadas não é possível repassar todo o ônus ao cliente”, diz. Algumas entrevistadas comentaram também que o aumento de custos da matéria-prima vai além da desvalorização cambial.
Perspectivas – Para 2021, 82% das entrevistadas projetam crescimento em comparação a 2020. Esse foi o maior percentual apontado desde o início dessa pergunta na sondagem realizada em setembro do ano passado.
Ainda para este ano, 17% esperam estabilidade e apenas 1% estão prevendo queda. Neste último caso, também, esse foi o menor percentual desde setembro de 2020.