Um projeto da Embrapii quer possibilitar que donos de pequenos negócios aperfeiçoem e aumentem suas vendas por meio de conceitos da Industria 4.0
A Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), em parceria com uma jovem startup de tecnologia, a Kaztor, de João Pessoa, capital da Paraíba, desenvolveu uma plataforma web para que pequenos e médios empreendedores possam oferecer no universo virtual os produtos que suas lojas físicas, de um modo simples, rápido, eficiente e com apelos estéticos.
Houve mais parceiros no empreendimento. A fase utilizou de diversos conceitos e ferramentas da Indústria 4.0, também foi desenvolvida com pesquisadores da Unidade Embrapii-CEEI – sigla do Centro de Engenharia Elétrica e Informática da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), também da Paraíba, bastante forte em novas tecnologias.
O projeto foi batizado de Showkase, e já se transformou em produto. Através de vitrines virtuais, o Showkase promove a visibilidade, publicidade e rastribilidade das marcas e viabiliza as vendas com ofertas que podem ser resgatadas no loja física através de cupons de desconto.
“O apoio que a Embrapii tem dado às startups tem sido essencial neste processo de transformação e inovação em que o Brasil está começando a navegar”, diz Jefferson Araújo, CEO da Kaztor Tecnologia. “Ter uma unidade da Embrapii com alta capacidade de decisão e execução próxima das empresas faz toda a diferença”, acrescenta o executivo.
Para a Kaztor, a Embrapii não só forneceu apoio financeiro, como disponibilizou profissionais com know-how tecnológico para o desenvolvimento do projeto, desde o processo de modelagem até a organização de sua funcionalidade.
“De fato, o apoio foi essencial para a realização até a entrega final, sempre com zelo nas entregas e um nível de organização muito estruturado”, conta Araújo.
Organização social que tem contrato de gestão com três ministérios federais – Ciência, Tecnologia e Inovações, Educação e Saúde – a Embrapii nos últimos seis anos apoiou quase 1200 projetos em parceria com empresas nacionais de diferentes portes e segmentos, totalizando nada menos do que R$1,7 bilhão em investimentos, dentro de um bem azeitado modelo operacional.
Neste modelo, os valores dos projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação são divididos entre a instituição, as unidades Embrapii (centros de pesquisa credenciados) e a empresa demandante.
Os recursos aportados são não-reembolsáveis. No caso de projetos com startups, há linhas especiais de financiamentos que diminuem a contrapartida das empresas e aumentam as facilidades para inovar.
A instituição conta ainda com acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) que amplia a abrangência dos recursos aportados para que o pequeno empreendedor possa compartilhar suas propostas tecnológicas no setor produtivo.
Pandemia
O projeto da Embrapii-Kaztor chega no momento certo principalmente em função da crise gerada pela Pandemia da Covid-19, a digitalização foi um caminho que teve de ser seguido por muitos empreendedores, mesmo aqueles mais resistentes às novas tecnologias.
De acordo com a 9°. edição da pesquisa “O impacto da pandemia do coronavírus”, realizada no final do ano passado pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), 70% das empresas já atuavam então nas redes sociais, aplicativos ou internet para impulsionar suas vendas.
O comércio eletrônico foi a forma que a grande maioria das empresas encontrou para enfrentar a crise gerada pela pandemia. Em maio, bem no início da pandemia, esse percentual era de 59%.
Aplicativos de mensagens instantâneas são os mais utilizados pelos empreendedores que inseriram o mundo virtual nas suas vendas. Cerca de 90% das empresas que exercem atividades como artesanato, beleza e moda, e que digitalizaram sua comercialização, usam o recurso para vender produtos e serviços.
Ainda de acordo com a pesquisa, as micro e pequenas empresas usam a digitalização de forma mais profissional do que os microempreendedores individuais (MEI), pois utilizam ferramentas que são igualmente voltadas para a gestão dos seus negócios.
Entre as micro e pequenas empresas, 55% usam ferramentas de gestão. Já entre os MEI, esse número cai para 25% – bem menos da metade. A diferença também é confirmada em relação às ferramentas para gestão de clientes (CRM), que são utilizadas por 25% dos donos de micro e pequenas empresas, mas por apenas 12% dos microempreendedores individuais.
É um espécie de desperdício. Segundo unanimidade dos especialistas, a digitalização pode ser implementada em qualquer empresa, de qualquer atividade, setor ou porte, em diferentes áreas, com custos bem menores do que os empreendedores individuais mais renitentes imaginam.
Assim, eles não só podem – como deveriam – encontrar caminhos para digitalizar seus negócios, seja para divulgar seus produtos, intensificar as vendas, comunicar-se mais com seus clientes e organizar melhor seus processos.