Embalagem de cosméticos devem seguir conceitos sustentáveis.
É crescente a relevância da sustentabilidade como diferencial competitivo no gigantesco mercado de beleza e cuidados pessoais. Isso se reflete, em um primeiro momento, em produtos sustentáveis. formulados com mais ingredientes provenientes da natureza, em detrimento dos sintéticos. E, hoje, também na busca por embalagens desenvolvidas de maneira mais condizente com os preceitos da economia circular.
Há, nesse caso, uma dificuldade adicional, relativamente as buscas similares estabelecidas em diversos mercados: conciliar as embalagens mais sustentáveis com as exigências de uma indústria fortemente calcada em apelos estéticos e sensoriais e que, por esse motivo,ainda vê com algumas reticências o uso resinas recicladas. Mas essa conciliação se mostra imprescindível, pois embalagens são fundamentais para a consecução das metas de redução de impactos ambientais anunciadas por várias das principais marcas desse mercado.
O uso das resinas recicladas é apenas uma das vertentes dessas estratégias. Há outras, revela levantamento realizado no início deste ano com os associados da Abihpec – Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos. Entre elas, as embalagens mais facilmente recicláveis. “Isso inclui embalagens com menos mistura de materiais, ou com materiais mais facilmente separáveis, se tivessem mais de um material” relata Rose Hernandes, diretora de Meio Ambientes da Abihpec.
O levantamento mostrou também as empresas do setor demandando embalagens feitas com quantidades menores de matérias-primas provenientes de fontes renováveis. “Elas buscam ainda o prolongamento do tempo de vida das embalagens, por exemplo, por meio do uso de refis”, acrescenta a diretora.
Os refis, especificamente, já se expandem significativamente nesse mercado, observa Assunta Camilo, diretora do Instituto de embalagens. ” Já há refis de xampus, cremes, hidratantes, entre outros produtos; mesmo perfumes, cujas embalagens são de vidro, já têm refis com embalagens plásticas rígidas, mas um pouco menos rígidas que as usuais, semelhantes a embalagens de colírio”, acrescenta.
Assunta considera ainda tímido o uso, pela indústria brasileira de cuidados pessoais e beleza, de resinas pós-consumo (PRC), por enquanto restritas basicamente ao PET; ou, no caso de outras resinas, às embalagens mais escuras, capazes de ocultar possíveis imperfeições. “Em outros países já há xampus, cremes, acondicionados em embalagens claras, 100% feitas com resina reciclada não apenas de PET, mas também de PE”, ressalta.
Menor Virgens, mais PCR
Listados no levantamento da Abihpec entre as diretrizes que hoje norteiam a busca das empresas do setor por embalagens mais sustentáveis, os desenvolvimentos usuários de um único material aparecem no foco das estratégias de novos produtos dos transformadores interessados em seguir atendendo à indústria de higiene pessoal e cosméticos.
Caso da Silgan, que desenvolveu uma bisnaga laminada – formato muito utilizado em produtos de cuidados pessoais – produzida apenas com PE, e que garante aos produtos proteção similar aquela antes obtida apenas com bisnagas laminadas com camada de alumínio. Assim, feita apenas com PE, pode ser reciclada na cadeia deste polímero (algo um tanto inviável quando há a camada interna de alumínio).
Várias marcas, observa Renato Wakimoto, diretor de P&D da Silgan, ainda seguem utilizando as bisnagas com alumínio, mas a procura por esta inovação é crescente. dificulta porém, a substituição imediata das embalagens com alumínio, ele ressalta, a necessidade de testes de compatibilidade, estabilidade e envase do produto que as empresas realizam antes de aprovar o uso em suas linhas.
Além de tubos laminados, a Silgan produz no Brasil embalagens plásticas rígidas e dispensadores. E investe em outras iniciativas focadas na ampliação de reciclagem e do uso racional de materiais em seus produtos: entre eles, embalagens de batons – tradicionalmente feitas com vários tipo de resinas – em versão monomaterial. Intensifica-se também o uso de materiais provenientes de fontes renováveis, como o PE verde da Braskem, bastante utilizado nesse mercado, e de resinas PCR; cujo uso, Wakimoto ressalva, deve ser vinculado as análises se segurança e às regulamentações sanitárias.
Embalagens feitas com um único material constituem um dos focos também da C-Pack, fabricante de embalagens extrudadas, utilizadas em produtos para a pele e os cabelos, entre outros. “Desenvolvemos bisnagas monomateriais, totalmente feitas em PE, ou em PP: tubo, ombro e tampa”, diz Hernane Henrique, diretor comercial e de marketing da C-Pack. “Já estamos oferecendo essa embalagem 100% em PE, na versão com tampa de rosca.