Nesse artigo da revista IPESI – Revista EI – 228 vamos entender como a Integração entre as energias renováveis é viável.
O Brasil conta com uma das matrizes elétricas mais limpas do mundo, com 83% de sua fonte advinda de energias renováveis. A hidrelétrica tem maior participação, com 63,8%. seguida pela eólica (9,3%), biomassa e biogás (8,9%) e solar centralizada (1,4%). Os dados são do Ministério de Minas e Energia.
Segundo o relatório do SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa), os três últimos tipos de geração de energia somados ultrapassam a geração de energia térmica a combustíveis fósseis. Como resultado, o Brasil tem alcançado uma diminuição da emissão de gases de efeito estufa (GEE) oriundos da geração de energia elétrica. Em 2019, o seguimento reduziu em 5% essa emissão, com o avanço, principalmente, das energias eólica e solar na matriz.
Isso significa que existe uma oportunidade de crescimento para essas duas fontes. “As tecnologias solar e eólica se desenvolveram muito na última década, apresentando reduções de custos continuadas e tornando-se naturalmente, competitivas em relação ás fontes convencionais, como gás natural e o carvão mineral”, avalia o engenheiro, físico e doutor em energia Demóstenes Barbosa da Silva, presidente da Base Energia Sustentável. A projeção é que a eólica pode responder por 11% da matriz elétrica em 2024, enquanto que a solar pode chegar a 2,4%. “Esses crescimentos podem se tornar vertiginosos assim que a economia brasileira voltar a crescer , pois os planos de expansão da oferta de energia no Brasil consideram essas duas fontes de energia como as mais vantajosas, tanto sob o ponto de vista econômico como no ambiental”, acrescentou.
Contudo existem desafios, como a intermitência e a sazonalidade dessas duas fontes energéticas. Por outro lado, o mercado tem trazido tecnologias de armazenamento de energia por longo período. Um desses casos, por exemplo, é converter a energia em hidrogênio por meio da eletrólise de água, para ser armazenado e produzir eletricidade posteriormente. Pelo hidrogênio ser uma fonte limpa, não haveria emissões de GEE.
O presidente da Base recorda que a Agência Nacional de Energia Elétrica lançou em 2016, a chamada pública 21 para projetos de Pesquisa e Desenvolvimento sobre a possibilidade de armazenamento no Brasil. “Os projetos aprovados para implantação estão próximos de suas conclusões e a expectativa é que em 2021, sejam apresentadas várias respostas sobre como fazer armazenamento de energia em escala comercial no Brasil”, destaca.
Uma estratégia para ampliar essa participação é a integração entre energias renováveis, com o objetivo de ganhar eficiência e trazer benefícios ao meio ambiente, à economia e à vida das pessoas. “A diversidade de fontes energéticas renováveis abundantes e a evidente complementaridade entre suas características de sazonalidade e intermitência indicam um enorme potencial de aproveitamento sinérgico entre algumas delas, como a hidreletricidade e a solar”, explica Silva.
Nesse sentido, seria possível operar duas plantas, uma hidrelétrica e outra solar, de forma conjugada, aumentando a energia garantida do conjunto, comparativamente ao modelo atual de operação, cuja otimização é feita no conjunto de todas as fontes conectadas no Sistema Interligado Nacional (SIN) confirma que a integração entre as energias renováveis é viável.